Era uma vez uma boinaà Face aos retratos desta minha "imagem demarca", chamemos-lhe assim, ocorre-me relacioná-los com o decorrer daminha vida e da sua autenticidade. / Na verdade, desde os meusdezassete anos que as uso, por razões de conveniência, após a cura daminha tuberculose. / A boina dos anos 60, com estrelinha, revela ofascínio pelo Che. E, até o vestido comprado no HarrodÆs, em Londres,recorda o meu reencontro com o meu sobrinho Pedro nessa cidade, poisevitara combater na guerra colonial, decisão que eu apoiara com oUrbano. / A boina dos anos 70 espelha a serenidade de quem sabe o quequer e de viver em dádiva plena, sem atropelar os outros. / Em 80sorrio por me encontrar feliz como professora na Escola SecundáriaArtística António Arroio. / Finalmente em 90 a vivência ambiciosa deser autarca na Junta de Freguesia de S. João de Brito. / Ainda hoje amantenho. Talvez revele de como os meus pais estão presentes naessência da minha personalidade: a riqueza singular da personalidadede meu pai e a criatividade da minha mãe que arquitectou e elaboroumuitas dessas boinas com as suas amorosas mãos. / ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- / Como sempre gostei de escrever, apeteceu-me fazê-lo sob aforma de memórias, ilustradas com fotografias e outros materiaisoportunamente guardados. Prevejo que esta escrita vai ser desordenada, pois os pensamentos vão vindo e transmitidos para o papel ao correrda pena. As minhas memórias, por vezes, soarão a sonhos, noutrasrealidades. Quando chegar ao fim, não sei se terá sentido o queescrevi, se escrevi com sentidoà //[Autora]