Um relato pungente sobre a condição humana, quando submetida pelopoder de quem transitoriamente tem o poder - pois que todo o poderserá sempre transitório, dure ele um dia, um ano ou um século -,perante o exercício da violência pelo Estado sobre a liberdadeindividual, em nome de um coletivo, de um ideal, de um objetivo. Atéonde é legítimo que um grupo organizado - seja um partido, ummovimento rebelde ou uma nação - imponha pela coação o seu direito,baseado numa suposta e autoassumida representação do colectivo, sobreo seu direito individual, que assenta no livre-arbítrio de dizer simou não? Antes da pátria colectiva, cada um de nós deve assumir a suapátria pessoal, que começa e acaba em si próprio, reservando-se odireito de negar a outraà Uma asserção que, se hoje é possível, masainda difícil, muito mais traumática e cruel o era nos anos pré epós-revolução, quando mil e um ditadores foram varridos, mas outrosmil e um ditadores se preparavam para lhes ocupar o posto. Foi assimem Portugal, 1974, em 1975à até hoje. Na verdade, (quase) sempre foiassimà